terça-feira, 28 de abril de 2009

A charneira da libertação e a janela do ver para crer

Sonhei urinar um arco-íris
Achei apropriado beliscar-me e dói
Tal como não adivinho o futuro, não posso adivinhar um passado que não aconteceu
Perguntei-me qual seria a pergunta que me haveria de perguntar
Uns centímetros ou milhas adiante

A minha despreocupação preocupa-me
Acho que falo por todos quando não digo nada

Gosto de jogos viciados e de batota como o amor

Às vezes sinto que estou a falar com uma parede.
As paredes têm ouvidos...

Se me corroessem com ácido e me esfregassem com escovas de aço, disparassem agrafos e me deitassem azeite a ferver para cima sentir-me-ia bem. Mas não. Corroem-me os sentimentos, esfregam-me na miséria, disparam mentiras e fervem-me a memória.


Pietro Series nº3, 160cm x 85cm, técnica mista, 2006

1 comentário:

  1. Adoro mesmo esses textos..!
    De todos os que me mostras-te, são sem dúvida dos melhores..


    Nunca percas esse dom de fazer arte, das mais variadas maneiras.
    Beijinho

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